O Brasil tem sete vezes mais casos de coronavírus do que apontam
as estatísticas oficiais, mostra a primeira etapa nacional de uma pesquisa coordenada pela
Universidade Federal de Pelotas (UFPel). O levantamento foi
realizado durante uma semana, entre 14 e 21 de maio, para testar a presença da
doença na população.
Isso quer dizer que em um grupo de
sete pessoas com o coronavírus, apenas uma sabe que está infectada.
Das 15 cidades com maior prevalência
de acordo com o levantamento, 11 estão na região Norte:
- · Na cidade de Breves, no Pará, 24,8%, ou seja, praticamente um quarto da população está ou esteve com coronavírus
- · Em Tefé, no Amazonas, quase 20%
- · Em Belém, mais de 15% tiveram a doença
- · Em Manaus, 12,5%
- · Em Macapá, quase 10%.
No Nordeste, Fortaleza e Recife têm os
maiores índices de infectados.
Em São Paulo, 3% foram infectados.
No Rio de
Janeiro, 2%. Na região Sul, apenas Florianópolis apresentou prevalência superior a 0,5%.
Na região Centro-Oeste, a pesquisa não
encontrou caso positivo nas 9 cidades estudadas, apesar de já existir casos e
mortes confirmados.
Das cidades visitadas, 21 eram
capitais. Os domicílios e as pessoas testadas foram escolhidos por sorteio. Os
pesquisadores também analisaram a proporção da população que se contaminou em
cada região do país.
Como é feita a
pesquisa
O levantamento já teve três
etapas concluídas no Rio Grande do Sul. Pesquisadores do Ibope,
participantes do projeto, com equipamentos de proteção individual, foram a
campo e fizeram 25.025 entrevistas. Aplicaram também testes rápidos para o
coronavírus em 133 municípios de todos os estados do país, incluindo o Distrito
Federal.
Em 90 cidades, conseguiram testar
pelo menos 200 pessoas. Essa amostragem representa pouco mais de um quarto da
população brasileira, com 54 milhões de habitantes.
A pesquisa mostra ainda que nas 90
cidades, a
proporção de pessoas com anticorpos foi estimada em 1,4%, podendo variar de
1,3% a 1,6% pela margem de erro da pesquisa.
A partir dos resultados dos testes,
os pesquisadores calculam que um total de 760 mil brasileiros nestas áreas
foram infectados. Na véspera da pesquisa, os números oficiais apontavam, nestas
90 cidades, 104.792 casos confirmados do coronavírus, e 7,6 mil mortes.
Para o coordenador da pesquisa e
reitor da UFPel, Pedro Curi Hallal, o número é "preocupante".
"Essas outras pessoas que têm o coronavírus e não sabem involuntariamente
podem transmitir para outras pessoas. E isso faz com que a epidemia continue
crescendo nesse ritmo preocupante que tem ocorrido no Brasil", disse.
Em Taquari, na Região Metropolitana
de Porto Alegre, Mariele Rosa estava com o vírus e só descobriu depois que um
colega de trabalho se contaminou e a empresa decidiu testar todos os
funcionários. A monitora de qualidade ficou em quarentena e se afastou dos dois
filhos. Mariele já está recuperada.
"Eu não sentia nada, se não
fosse o teste, eu não saberia que eu tava com Covid-19. Foram 14 dias sem
sintomas, mas sempre com aquele medo de ter alguma coisa. Tem pessoas
assintomáticas por aí que podem estar passando o vírus sem saber", disse.
"A
gente pode dizer, com a maior tranquilidade, com base na nossa pesquisa que a
contagem de casos de coronavírus não deve ser feito em milhares, ela já deve
ser feita certamente em milhões", diz.
O reitor ainda reforça as
recomendações de isolamento social, devido às taxas crescentes da doença.
"Enquanto as curvas no Brasil
não estiverem na descendente ou enquanto a taxa de transmissão brasileira for
recordista mundial, nossa recomendação dos cientistas para a população é ficar
em casa o máximo possível não há nenhuma recomendação científica que justifique
a flexibilização das medidas de distanciamento social nesse momento ",
afirma.
Por Jonas Campos, RBS TV
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