Entidades de médicos e outros
profissionais de saúde condenaram o pronunciamento, na noite desta terça-feira
(24), do presidente Jair Bolsonaro sobre a Covid-19, doença
causada pelo novo coronavírus.
Na fala, veiculada em rede
nacional, o presidente chamou a doença de "resfriadinho", contrariou
especialistas e pediu o fim do "confinamento em massa". Ele também
fez um apelo pela "volta à normalidade" e culpou a imprensa por
"espalhar pavor".
Veja repercussão
do pronunciamento de Bolsonaro sobre o coronavírus
O Conselho Nacional de
Saúde considerou que o pronunciamento do presidente "coloca em
risco a vida de milhares de pessoas" e que é "uma afronta grave à
Saúde e à vida da população. Sua fala prejudica todo o esforço nacional para
que o Sistema Único de Saúde (SUS)
não entre em colapso diante do cenário emergencial que vivemos na
atualidade", avaliou a entidade.
A Sociedade Brasileira de
Infectologia se disse preocupada com a fala de Bolsonaro, e considerou
que as declarações podem dar a falsa impressão de que as medidas de contenção
social são inadequadas. Os infectologistas classificaram a pandemia como
"grave", e disseram que é temerário associar que as cerca de 800
mortes por dia causadas pela doença na Itália, a maioria entre idosos, esteja
relacionada apenas ao clima frio do inverno europeu.
A Associação Brasileira
de Saúde Coletiva considerou "intolerável e irresponsável" o
que chamou de "discurso da morte” do presidente Jair Bolsonaro. A entidade
afirmou que, em sua fala, que classificou como "incoerente e
criminosa", o presidente "nega o conjunto de evidências científicas
que vem pautando o combate à pandemia da COVID-19 em todo o mundo,
desvalorizando o trabalho sério e dedicado de toda uma rede nacional e mundial
de cientistas e desenvolvedores de tecnologias em saúde."
A Sociedade Brasileira de
Geriatria e Gerontologia disse que qualquer medida que abrande o
isolamento da população será "extremante prejudicial" para o combate
à Covid-19.
A Associação Paulista de
Medicina afirmou que, "se a intenção foi acalmar, a reação da
sociedade mostra que ele [Bolsonaro] não alcançou seus objetivos. Você não traz
esperança minimizando o problema, mas reforçando as soluções. Existe um perigo
próximo, evidente, real e gravíssimo. Enfrentá-lo é prioritário."
A Associação Brasileira
de Climatério afirmou que, apesar dos impactos socioeconômicos,
"até o momento, o afastamento social está entre as medidas mais eficientes
no combate à propagação do COVID-19, de acordo, inclusive, com autoridades de
saúde internacionais". A entidade reúne médicos dedicados à assistência da
mulher em transição - chamada de climatério - entre o período fértil e o não
fértil.
A Associação de
Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo disse, em nota, que
"vê com extrema preocupação" o pronunciamento de Bolsonaro. "O
isolamento é uma das medidas mais eficientes para combater a propagação de
COVID-19 até o presente momento. Desta forma, a SOGESP reitera a importância de
se seguir as determinações das autoridades de saúde, no sentido de se evitar ao
máximo os contatos sociais", pediu a entidade.
A Sociedade Brasileira de
Mastologia também viu "com preocupação" as declarações do
presidente, afirmando que elas vão "na contramão de todas as orientações
passadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS)
e especialistas em infectologia, que recomendam o isolamento social como forma
de conter a disseminação do novo vírus". A entidade afirmou que
"continuará recomendando a toda população brasileira, inclusive as
mulheres acometidas neste momento pelo câncer de mama e em tratamento como
sessões de quimioterapia e radioterapia, para que fiquem em confinamento
domiciliar".
Em comunicado conjunto, a Associação
Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular, a Sociedade
Brasileira de Transplante de Medula Óssea e a Sociedade Brasileira
de Oncologia Pediátrica pediram que "todos aqueles que podem
manter-se em isolamento devem fazê-lo", pois estão, dessa forma,
protegendo a vida de pacientes que têm o sistema imune comprometido - como
aqueles que aguardam ou passaram por um transplante de medula óssea ou, ainda,
aqueles em tratamento para câncer.
A Associação Médica
Brasileira elogiou a atuação do Ministério da Saúde no combate à
pandemia, e frisou que "constitui erro capital, nas crises, sustentar
opiniões ou posições que perderam a validade em decorrência da evolução dos
fatos".
Em vídeo, o presidente da Sociedade
Brasileira de Cirurgia Oncológica, Alexandre Ferreira Oliveira, também
apoiou as medidas adotadas pelo Ministério da Saúde e disse que a entidade é
favorável "ao isolamento responsável das pessoas" e à "não
interrupção dos tratamentos oncológicos em prejuízo aos pacientes".
Oliveira concluiu dizendo que "dentro disso tudo, é muito importante a
proteção às equipes de linhas de frente que estão atendendo esses pacientes. A
Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica apoia qualquer medida de
preservação à vida."
Também em vídeo, o presidente
do Conselho Regional de Farmácia de São Paulo, Marcos Machado, se
disse "perplexo e preocupado" com o pronunciamento de Bolsonaro.
"O discurso é carregado de política, e sem nenhuma preocupação com a
prevenção sobre o coronavírus", afirmou, antes de elogiar o trabalho do
Ministério da Saúde. "É inaceitável, neste instante, que venha a maior
liderança do país dizer à população que não se preocupe com as orientações do
Ministério da Saúde", disse.
A Sociedade Brasileira de
Imunizações também chamou de "temerário" o discurso
proferido por Bolsonaro. "Ao pregar o fim do isolamento social como
estratégia de resposta à pandemia de COVID-19, o presidente contraria todas as
evidências científicas. Vai de encontro, também, às próprias orientações do
Ministério da Saúde, que vem trabalhando de forma correta e árdua diante desse
grande desafio", afirmou a entidade em nota.
A Sociedade Brasileira de
Ortopedia e Traumatologia reiterou a importância do isolamento para
combater a disseminação do vírus. "As orientações e cuidados a serem
tomados diante da pandemia do novo coronavírus são aquelas emanadas pelo
Ministério da Saúde", afirmou a entidade. "Dessa forma, por mais
respeito que tenhamos pela figura do chefe do Executivo, o cerne do combate à
pandemia é e continuará sendo a tentativa desesperada de se evitar o
crescimento exponencial da doença".
Veja, abaixo, as íntegras dos
posicionamentos divulgados pelas organizações:
Conselho
Nacional de Saúde
"O Conselho Nacional de
Saúde (CNS), frente à pandemia do Novo Coronavírus (Covid-19), enfrentada por
diversos países no mundo, considera o pronunciamento, nesta terça (24/03), do
presidente da república, Jair Messias Bolsonaro, uma afronta grave à Saúde e à
vida da população. Sua fala prejudica todo o esforço nacional para que o
Sistema Único de Saúde (SUS) não entre em colapso diante do cenário emergencial
que vivemos na atualidade. Cabe ao Estado garantir medidas de Saúde e proteção
como já sinalizamos em nossa Carta Aberta às Autoridades Brasileiras.
Contrariando todas as evidências
técnicas e científicas de instituições como Organização Pan-Americana da Saúde
(Opas), Organização Mundial da Saúde (OMS), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz),
universidades brasileiras e o próprio Ministério da Saúde (MS), por meio da
Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS), consideramos sua fala pública de
completa irresponsabilidade, podendo causar prejuízos aos cidadãos e cidadãs no
Brasil como o aumento da transmissão comunitária e até mesmo do número de
mortes.
Neste momento, a principal
recomendação das autoridades sanitárias, legalmente com competência e
conhecimento para lidar com o cenário crítico, é o isolamento ao maior número
de pessoas, com atenção especial aos idosos. Nesse contexto, as falas de
Bolsonaro negam e desrespeitam o trabalho que vem sendo desenvolvido por
inúmeros profissionais da Saúde em todo o país, além de contrariar as ações que
vêm sendo geridas pelo Ministro da Saúde.
A paralisação de diversos
serviços vai gerar um impacto negativo na economia, porém a economia se
recupera se as vidas estiverem preservadas. Números não valem mais que vidas.
Antes um país com potencial de retomada na economia após uma crise, que
centenas ou milhares de pessoas mortas devido à irresponsabilidade de falas,
posturas, posicionamentos e atitudes insensatas que atentam contra o bem estar
social. A postura do presidente é criminosa, nesse sentido, fazemos um apelo à
população: fique em casa e não acredite em fake news contra as orientações do
MS.
Por isso, consideramos
fundamental que os poderes Legislativo e Judiciário, subsidiados pelos fatos e
pelo clamor social, tomem as providências cabíveis diante de um discurso
genocida, que confunde a população e pode colocar em risco a vida de milhares de
pessoas no nosso país. É necessário que haja união de todas as autoridades,
independentemente de disputas partidárias, e confiança nas evidências
científicas para que possamos superar esta crise. A vida não pode esperar, o
SUS é capaz de salvar-nos desse contexto. Mas precisamos de financiamento
adequado e do compromisso de todos e todas no país. O CNS está ao lado da
população."
Sociedade
Brasileira de Infectologia
"Neste difícil momento da
pandemia de COVID-19 em todo o mundo e no Brasil, trouxe-nos preocupação o
pronunciamento oficial do Presidente da República Jair Bolsonaro, ao ser contra
o fechamento de escolas e ao se referir a essa nova doença infecciosa como “um
resfriadinho”.
Tais mensagens podem dar a falsa
impressão à população que as medidas de contenção social são inadequadas e que
a COVID-19 é semelhante ao resfriado comum, esta sim uma doença com baixa
letalidade. É também temerário dizer que as cerca de 800 mortes diárias que
estão ocorrendo na Itália, realmente a maioria entre idosos, seja relacionada
apenas ao clima frio do inverno europeu. A pandemia é grave, pois até hoje já
foram registrados mais de 420 mil casos confirmados no mundo e quase 19 mil
óbitos, sendo 46 no Brasil.
O Brasil está numa curva
crescente de casos, com transmissão comunitária do vírus e o número de
infectados está dobrando a cada três dias.
Concordamos com o Presidente
quando elogia o trabalho do Ministro da Saúde, Dr. Luiz Henrique Mandetta, e
sua equipe, cujas ações têm sido de grande gestor na mais grave epidemia que o
Brasil já enfrentou em sua história recente. Desde o início da epidemia, o
Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) estão
trabalhando em conjunto com várias sociedades médicas científicas, em especial
com a Sociedade Brasileira de Infectologia, com várias reuniões presenciais,
teleconferências e trocas de informações quase que diariamente.
Também concordamos que devemos
ter enorme preocupação com o impacto socioeconômico desta pandemia e a
preocupação com os empregos e sustento das famílias. Entretanto, do ponto de
vista científico-epidemiológico, o distanciamento social é fundamental para
conter a disseminação do novo coronavírus, quando ele atinge a fase de
transmissão comunitária. Essa medida deve ser associada ao isolamento
respiratório dos pacientes que apresentam a doença, ao uso de equipamentos de
proteção individual (EPI) pelos profissionais de saúde e à higienização frequente
das mãos por toda a população. As medidas de maior ou menor restrição social
vão depender da evolução da epidemia no Brasil e, nas próximas semanas,
poderemos ter diferentes medidas para regiões que apresentem fases distantes da
sua disseminação.
Quando a COVID-19 chega à fase de
franca disseminação comunitária, a maior restrição social, com fechamento do
comércio e da indústria não essencial, além de não permitir aglomerações
humanas, se impõe. Por isso, ela está sendo tomada em países europeus desenvolvidos
e nos Estados Unidos da América.
Médicos, enfermeiros, técnicos de
enfermagem, fisioterapeutas e todos os demais profissionais de saúde estão
trabalhando arduamente nos hospitais e unidades de saúde em todo o país. A
epidemia é dinâmica, assim como devem ser as medidas para minimizar sua
disseminação. “Ficar em casa” é a resposta mais adequada para a maioria das
cidades brasileiras neste momento, principalmente as mais populosas."
Associação
Brasileira de Saúde Coletiva
"As entidades de saúde
coletiva e da bioética consideram intolerável e irresponsável o “discurso da
morte” feito pelo Presidente da República, na noite de 24 de março, em cadeia
nacional de rádio e TV.
Nessa manifestação, incoerente e
criminosa, o Sr. Jair Bolsonaro, no momento ocupante do principal cargo do
Executivo Federal, nega o conjunto de evidências científicas que vem pautando o
combate à pandemia da COVID-19 em todo o mundo, desvalorizando o trabalho sério
e dedicado de toda uma rede nacional e mundial de cientistas e desenvolvedores
de tecnologias em saúde. Nesse ato, desrespeita o excelente trabalho da
imprensa e de numerosas redes de difusão de conhecimento, essenciais para o
esclarecimento geral sobre a COVID-19, e desmobiliza a população a dar
seguimento às medidas fundamentais de contenção para evitar mortes. Medidas
estas cruciais encaminhadas com muito esforço pelas autoridades municipais e
estaduais, implementadas por técnicos e profissionais do SUS, os quais vêm
expondo suas vidas para salvar pessoas. Além disso, comete o crime de “infração
de medida sanitária preventiva”, a ser enquadrado no Art. 268 do Código Penal
Brasileiro, ao desrespeitar “determinação do poder público, destinada a impedir
introdução ou propagação de doença contagiosa”.
Nossas entidades representativas
da comunidade brasileira de sanitaristas, epidemiologistas, planejadores e
gestores de saúde, cientistas sociais e outros profissionais da área de saúde
pública vêm a público denunciar os efeitos nocivos das posições do presidente
da República sobre a grave situação epidemiológica que estamos vivendo. Seu
pronunciamento perverso pode resultar em mais sofrimento e mortes na já tão
sofrida população brasileira, particularmente entre os segmentos vulneráveis da
sociedade.
As instituições da República precisam
reagir e parar a irresponsabilidade do ocupante da cadeira de presidente antes
que o caos se torne irreversível.
Assinam esta nota as seguintes
entidades:
·
Associação Brasileira de Saúde Coletiva – ABRASCO
·
Centro Brasileiro de Estudos da Saúde – Cebes
·
Associação Brasileira de Economia da Saúde – ABrES
·
Associação Brasileira da Rede Unida
·
Associação Brasileira de Enfermagem – ABEn
·
Associação Paulista de Medicina – APM
·
Sociedade Brasileira de Bioética – SBB
Sociedade
Brasileira de Geriatria e Gerontologia
Em nota, a entidade afirmou que "a
SBGG tem um comprometimento sério e humano com a população e endossa a
manutenção de todas as medidas tomadas até este momento. Para a SBGG qualquer
medida que abrande o isolamento da população será extremante prejudicial para o
combate ao Coronavírus, acarretando em maior número de infectados e morte.
Salientamos que a maioria dos países adotam a mesma medida de contenção,
apresentando sucesso.Seremos militantes do nosso posicionamento para o bem dos
idosos e da população brasileira."
Associação
Paulista de Medicina
“Se a intenção foi acalmar, a
reação da sociedade mostra que ele não alcançou seus objetivos. Você não traz
esperança minimizando o problema, mas reforçando as soluções. Existe um perigo
próximo, evidente, real e gravíssimo. Enfrentá-lo é prioritário. Todos nos
preocupamos com o impacto do isolamento social na economia, particularmente o
impacto da recessão sobre a saúde. Também isso não deve ser minimizado. Mas que
não se deixe a preocupação com o futuro inviabilizar o presente.”
Associação
Brasileira de Climatério
"A Associação Brasileira de
Climatério - SOBRAC vem a público reiterar a importância de que as
determinações de afastamento social temporário emanadas pelas autoridades de
saúde sejam observadas fielmente.
Evidentemente sempre há
preocupação com eventuais impactos socioeconômicos que tais medidas possam
gerar. Contudo, até o momento, o afastamento social está entre as medidas mais
eficientes no combate à propagação do COVID-19, de acordo, inclusive, com
autoridades de saúde internacionais.
A SOBRAC se preocupa em especial,
pois se dedica ao estudo de população que pode se enquadrar com maior
frequência nos grupos de maior risco para a doença e, portanto, reitera a
importância de observar todas as determinações de saúde de nossas autoridades.
Nas próximas semanas, talvez seja
possível ter a real dimensão que tomará a pandemia no País. Somente então se
poderá decidir por manter o afastamento social mais ou menos rigoroso."
Associação
de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo
"Neste momento de incertezas
e inseguranças que tomam conta das sociedades brasileira e mundial, a
Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo – SOGESP vê com
extrema preocupação o pronunciamento do senhor presidente Jair Bolsonaro, na
noite de ontem, 24 de março.
Claro que sempre existe
preocupação com eventuais impactos socioeconômicos do isolamento social, mas
vidas humanas têm de ser prioridade sempre.
O isolamento é uma das medidas
mais eficientes para combater a propagação de COVID-19 até o presente momento.
Desta forma, a SOGESP reitera a importância de se seguir as determinações das
autoridades de saúde, no sentido de se evitar ao máximo os contatos
sociais."
Sociedade
Brasileira de Mastologia
"A Sociedade Brasileira de
Mastologia monitora de perto o avanço da pandemia do coronavírus (COVID-19) no
Brasil e no mundo. E por tratar diretamente de pacientes que podem compor o
grupo de risco, recebe com preocupação o número de informações desencontradas,
essencialmente as que vão na contramão de todas as orientações passadas pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) e especialistas em infectologia, que
recomendam o isolamento social como forma de conter a disseminação do novo
vírus.
A SBM continuará recomendando a
toda população brasileira, inclusive as mulheres acometidas neste momento pelo
câncer de mama e em tratamento como sessões de quimioterapia e radioterapia,
para que fiquem em confinamento domiciliar, evitando assim exposição pública e
aglomerações. As exceções devem ser avaliadas caso a caso, conforme as
orientações abaixo:
- Consultas ambulatoriais de
rotina devem ser avaliadas e remarcadas.
- Consultas de seguimento de
pacientes oncológicas de rotina que podem aguardar deverão ser avaliadas e
remarcadas.
- Consultas para pacientes em
investigação para câncer de mama devem ser mantidas seguindo as normas de
higiene preconizadas.
- Procedimentos diagnósticos,
cirúrgicos ou não, em pacientes com suspeita de câncer devem ser mantidos
seguindo as normas de higiene preconizadas.
- Procedimentos cirúrgicos
eletivos não oncológicos devem ser avaliados e postergados.
- Procedimentos cirúrgicos
oncológicos devem ser mantidos.
A individualização dos casos deve
ser sempre realizada pelo médico assistente.
De fato, o coronavírus tem
demonstrado aqui e nos outros países o seu poder de letalidade e as mulheres
com baixa imunidade, como é o caso das que estão em determinada fase do
tratamento do câncer, devem redobrar o cuidado, mantendo-se em casa.
A Sociedade Brasileira de
Mastologia está à disposição para tirar dúvidas, trocar experiências e reforça
que está atenta a todos os acontecimentos para trazer as informações
necessárias à prática médica, sempre com as melhores medidas e decisões para a
nossa população."
Associação
Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular, Sociedade Brasileira
de Transplante de Medula Óssea e Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica
"Vimos por meio deste
comunicado conjunto reforçar à população a importância de mantermos todas
recomendações que têm sido indicadas como forma de combater o novo coronavírus.
Neste momento, reiteramos que
todos aqueles que podem manter-se em isolamento devem fazê-lo, pois estão
colaborando para proteger as vidas dos nossos idosos que temos em nosso País e,
também, das crianças, jovens e adultos que neste momento estão em tratamento
hematológico, oncológico e oncohematológico, bem como aquelas que aguardam por
um transplante de medula óssea ou foram recentemente transplantadas.
Estes são pacientes que tem seu
sistema imune comprometido, devido à sua condição de saúde, o que os torna mais
suscetíveis às complicações da Covid-19, tanto quanto idosos, ou pessoas com
doenças crônicas como diabetes, hipertensão e tantas outras.
Sem o isolamento, esta população
estará em maior risco de sofrer os agravos que uma infecção pelo novo
coronavírus pode lhes causar. Portanto, reiteramos que as medidas não devem ser
flexibilizadas, para que possamos proteger a nossa população, seja qual for a
idade.
Nós, da ABHH, SBTMO e SOBOPE,
somos sociedades de especialidades médicas que lutam para promover educação,
fomentar a produção científica e contribuir com o aperfeiçoamento da prática
médica e de todos os profissionais que compõem as equipes multidisciplinares.
Por isso, à luz da ciência e
também com base nas experiências de enfrentamento à Covid-19 que países como
China e Itália – levando em conta erros e acertos, reiteramos veementemente
para manter as orientações de isolamento.
Juntos, podemos passar por isso!"
Associação
Médica Brasileira
"Crises são caracterizadas
por constantes mudanças de cenário. De uma hora para a outra, as variáveis
podem se modificar radicalmente, fazendo com que estratégias previamente
traçadas possam, com grande volatilidade, se tornar ineficazes. Assim,
constitui erro capital, nas crises, sustentar opiniões ou posições que perderam
a validade em decorrência da evolução dos fatos. Por isso, o enfrentamento da
situação com total transparência torna-se fundamental. É preciso que todos entendam
o cenário, as mudanças que nele impactam e, por consequência, a busca de novas
estratégias e ações.
Nesse sentido, o Ministério da
Saúde, capitaneado por Luiz Henrique Mandetta, tem atuado de forma precisa e
responsável. Os transparentes relatos com atualizações constantes sobre a
pandemia da COVID-19 nos ajudam a entender o cenário atual, as perspectivas de
soluções, e estimula nossa participação colaborativa.
O respeito com o qual o
Ministério vem tratando os médicos e demais profissionais de saúde, bem como o
empenho para resolver questões relevantes à classe, como a disponibilização de
EPIs, aumento de respiradores, leitos de UTI, estratégias e logística para o
enfrentamento desta pandemia encoraja ainda mais a categoria para avançar na
linha de frente e cumprir seu papel, resguardando a segurança de todos e a
assistência à população.
A incansável luta contra outra
praga desta crise, as fakenews, também tem sido louvável. É necessária, uma vez
que a propagação de notícias falsas e alarmistas pode criar danos enormes à
saúde e ao bem-estar da população.
A hora é de união e colaboração e
de apoio ao Ministro Mandetta e toda sua equipe ministerial. Precisamos estar
atentos, alertas, críticos quando necessário, propositivos na segurança dos
médicos e demais profissionais de saúde, mas sempre seremos
colaborativos."
Conselho
Regional de Farmácia de São Paulo
Em vídeo, o presidente do
Conselho Regional de Farmácia de São Paulo, Marcos Machado, disse estar
"perplexo e preocupado" com a fala de Bolsonaro.
"O discurso é carregado de
política, e sem nenhuma preocupação com a prevenção sobre o coronavírus",
afirmou, antes de elogiar o trabalho do Ministério da Saúde. "É
inaceitável, neste instante, que venha a maior liderança do país dizer à
população que não se preocupe com as orientações do Ministério da Saúde.
Toda a sua fala contraria o
trabalho dos profissionais de saúde que estão à frente, nesse momento,
orientando e tentando ajudar a população a sair dessa pandemia o mais rápido
possível. Os farmacêuticos estão à frente desse processo, atendendo pacientes
em suas farmácias, em seus ambulatórios, em seus ambientes de trabalho, muitas
vezes sem condições de trabalho, mas todos estão lá, fazendo o possível.
Portanto, é inaceitável, neste instante, que venha a maior liderança do país
dizer à população que não se preocupem com as orientações do Ministério da
Saúde. Não tem sentido isso - é preciso que nós tenhamos um discurso de
construção - e não é o que nós vimos nesse momento. A mim e aos farmacêuticos
isso preocupa demais. É uma situação grave que gostaríamos de ver corrigida o
mais rápido possível."
Sociedade
Brasileira de Imunizações
"A Sociedade Brasileira de
Imunizações (SBIm) considera temerário o discurso proferido pelo excelentíssimo
presidente da república Jair Bolsonaro, na noite desta terça-feira, 24 de
março, em rede nacional de rádio e televisão.
Ao pregar o fim do isolamento
social como estratégia de resposta à pandemia de COVID-19, o presidente
contraria todas as evidências científicas. Vai de encontro, também, às próprias
orientações do Ministério da Saúde, que vem trabalhando de forma correta e
árdua diante desse grande desafio.
Paralisar as atividades não
essenciais é uma medida dura, mas necessária. Entidades acima de qualquer
questionamento, como a Organização Mundial da Saúde (OMS), apontam que,
enquanto não dispormos de uma vacina, ou mesmo tratamento, trata-se da ação
primária de maior impacto na interrupção da cadeia de transmissão do novo
coronavírus (Sars-Cov-2), ao lado dos cuidados com higiene pessoal.
Incentivar os brasileiros que têm
a possibilidade de permanecer em casa a voltarem às ruas pode ter consequências
trágicas. Ademais, é um desrespeito com os profissionais de diversas categorias
— como médicos, enfermeiros, policiais, bombeiros, motoristas, entregadores,
funcionários de mercados e muitos outros — que se expõem diariamente ao risco,
por exercerem funções que não podem ser interrompidas.
O fato de a doença se mostrar
mais grave em pessoas em idade avançada não deve ser considerado atenuante, especialmente
porque há hoje no Brasil, segundo estimativas do IBGE, mais de 20 milhões de
pessoas com 65 anos ou mais.
Nossa visão é a de valorizar a
vida de qualquer cidadão, acreditando que essa estratégia é essencial para
minimizar o número de doentes e mortos.
O momento é de união. A saúde do
brasileiro está acima de qualquer visão política."
Sociedade
Brasileira de Ortopedia e Traumatologia
"A Sociedade Brasileira de
Ortopedia e Traumatologia - SBOT, que se manifesta em nome de seus 18.000
médicos associados, vem reiterar perante a população brasileira que as
orientações e cuidados a serem tomados diante da pandemia do novo coronavírus
são aquelas emanadas pelo Ministério da Saúde.
Essas orientações, emanadas pelo
ministro médico Luiz Henrique Mandetta, tem base científica e seguem a linha
explicitada pela OMS.
Dessa forma, por mais respeito
que tenhamos pela figura do chefe do Executivo, o cerne do combate à pandemia é
e continuará sendo a tentativa desesperada de se evitar o crescimento
exponencial da doença.
Manifestamos nosso total apoio e
confiança em toda equipe do Ministério da Saúde, cuja normas, reafirmamos, são
aquelas recomendadas com base cientifica-epidemiológica.
“Permanecer em casa” é a nossa
orientação.
Continua valendo a recomendação
de que toda a população e não só os idosos permaneçam em casa, que as escolas
não tenham aulas e que os serviços não essenciais continuem sem operar, mesmo
que isso represente um problema econômico grave. É preciso lembrar que mais
importante que o dinheiro que deixa de ser ganho, é a vida que deve ser
salva."
Com informações G1